Para entender o que é o prognóstico de câncer, é preciso saber que ele é constituído por fatores que são parâmetros capazes de serem mensurados no diagnóstico da doença e que servem para prever a sobrevida do paciente em questão.
No Brasil, o diagnóstico tardio de muitos tipos de câncer contribui de maneira negativa para o aumento das taxas de mortalidade, inviabilizando, muitas vezes, tratamentos mais conservadores e menos invasivos.
Apesar de certos fatores serem extremamente importantes para o prognóstico de câncer, como tamanho do tumor primário e condições de linfonodos, outras características surgem como decisivas para o processo de predição da progressão da doença, como grau nuclear, grau histológico, dosagem de receptores hormonais e outros aspectos analisados pelo exame de imuno-histoquímica.
Por que o prognóstico de câncer é importante?
O prognóstico de câncer é fundamental para determinar o tratamento adequado e potenciais riscos de recorrências, além de ser capaz de classificar pacientes para ensaios clínicos e terapias adjuvantes. A inclusão de novos fatores preditivos proporciona avanços à individualização da conduta terapêutica, importante para o sucesso do tratamento.
Fatores de prognóstico de câncer
Após amplos estudos sobre prognóstico de câncer, os fatores clássicos como estadiamento, tipo e grau histológico, expressão de receptores hormonais e a superexpressão de determinados marcadores, seguem conduzindo as decisões médicas acerca dos tratamentos escolhidos. Conheça abaixo alguns deles:
1. Tamanho do tumor
Historicamente, o volume do tumor é um dos fatores mais relevantes, pois sua correta avaliação indica o estadiamento do câncer. Indivíduos com tumores menores de 1cm possuem entre 10% e 20% de chances de comprometimento linfonodal. Pacientes com tumores menores de 1 cm com linfonodos negativos costumam ter uma sobrevida livre de doença em 10 anos de 90%.
2. Estado linfonodal
Este é um dos fatores prognósticos mais importantes, principalmente no câncer de mama, e tem se mostrado como o indicador mais importante de sobrevida livre da doença e sobrevida global. Através de seu estudo, é possível afirmar que cerca de 20% a 30% dos pacientes com nódulo negativo desenvolvem recidiva no prazo de 10 anos, em comparação a cerca de 70% dos pacientes com envolvimento ganglionar axilar. O número absoluto de linfonodos envolvidos em cada caso também é de extrema relevância para o prognóstico de câncer, pois aqueles que apresentam 4 ou mais linfonodos têm um prognóstico pior do que indivíduos com número menor de linfonodos envolvidos.
3. Graduação histológica
O grau histológico tem se mostrado um fator de prognóstico de câncer essencial, seja de forma independente ou em combinação com o estado linfonodal e tamanho tumoral. A graduação histológica conhecida como o Sistema de Classificação de Nottingham (SCN) é o sistema indicado por vários órgãos internacionais de saúde, como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e outras instituições relevantes como a American Joint Committee on Cancer (AJCC) da União Europeia.
4. Tipo histológico
As variações histológicas são capazes de denunciar diferentes comportamentos biológicos e agressividade do tumor. Quando se trata de câncer de mama, por exemplo, o carcinoma lobular invasivo está associado a um prognóstico melhor do que o câncer da mama não especial.
5. Biomarcadores
– Receptores de estrogênio: a expressão do receptor de estrogênio (RE) é um dos mais importantes marcadores para prognóstico de câncer de mama, especialmente em casos de câncer de mama, pois fornece o índice de sensibilidade ao tratamento endócrino. A ausência ou a presença do RE é um dado utilizado para orientar as decisões quanto ao tratamento. Pesquisas que datam de 1970 já sugeriam uma correlação direta entre os níveis de expressão dos RE e a resposta à terapia endócrina;
– Receptor de progesterona: a expressão do receptor de progesterona (RPg) é bastante dependente da presença de RE. Tumores que expressam RPg, mas não o RE, são incomuns, por isso, tais casos devem passar por um novo teste para avaliar o RE e eliminar a possibilidade de falso negativo. Nos raros indivíduos em que haja a expressão apenas de RPg, existem alguns benefícios descritos no uso de tamoxifeno, recomendando-se, portanto, a terapia endócrina;
– HER-2: este receptor está relacionado ao fator de crescimento epidérmico humano 2 (HER-2). Sua expressão tem sido associada à maior agressividade biológica do tumor e a resistência a alguns tipos de tratamento. O HER-2 codifica uma proteína de membrana das células tumorais que faz com que se desenvolvam mais rápido e aumentem a sua duplicação, tornando os tumores mais agressivos. Diversas pesquisas sugerem que existe uma relação entre o estado HER-2 e a resistência hormonal, além de sua presença também estar associada a um maior risco de recidiva tumoral.
– Ki67 e MIB-1: Ki-67 é uma proteína nuclear que pode ser utilizada como um marcador de proliferação celular. O percentual de células positivas para Ki-67 pode ser usado para estratificar pacientes como de bom prognóstico ou grupos de mal prognóstico. O anticorpo monoclonal MIB-1 reconhece o Ki-67 e pode ser utilizado na análise de peças fixadas em formalina ou em seções de tecido de blocos de parafina.
A heterogeneidade dos mais diversos tipos de câncer, com diferentes perfis moleculares, comportamento biológico e perfis de risco, representa um desafio para a ciência e a medicina. Entretanto, o conhecimento adquirido nos últimos anos tem sido e ainda será de grande valor para criar terapias específicas que possam individualizar o tratamento da doença.
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