Imuno-histoquímica em tumores ginecológicos: essencial para o diagnóstico

A imuno-histoquímica em tumores ginecológicos se tornou uma ferramenta central na patologia moderna. Em um contexto em que lesões do colo uterino, endométrio, ovário e trompas apresentam condições clínicas e morfológicas complexas, uma simples avaliação muitas vezes não é suficiente para responder às perguntas mais importantes:

– Qual é exatamente o tipo de tumor?
– Qual é sua origem?
– Há risco aumentado de síndrome hereditária?
– Como isso impacta o tratamento?

É nesse cenário que a imuno-histoquímica em tumores ginecológicos entra como aliada, utilizando painéis de anticorpos específicos para evidenciar vias moleculares, padrões de expressão proteica e assinaturas biológicas que orientam diagnóstico, prognóstico e conduta.

A seguir, vamos abordar três eixos em que a imuno-histoquímica é particularmente relevante. Acompanhe!

1.Imuno-histoquímica em tumores ginecológicos do colo uterino (p16/HPV surrogate)

O câncer do colo do útero está intimamente relacionado à infecção persistente por HPV de alto risco. No entanto, nem toda alteração morfológica é clara ao microscópio, e há áreas de “zona cinzenta” entre inflamação, lesões de baixo grau e lesões intraepiteliais de alto grau.

Nesses casos, a imuno-histoquímica em tumores ginecológicos do colo uterino, especialmente com o marcador p16, é decisiva.

– p16 como surrogate de HPV: em lesões associadas ao HPV de alto risco, as oncoproteínas virais interferem com o controle do ciclo celular (especialmente via pRb), levando à superexpressão de p16;

– Quando a coloração de p16 é forte, difusa e em bloco, ela funciona como um substituto (surrogate) da presença de HPV oncogênico naquelas células.

Esse padrão auxilia a diferenciar lesões intraepiteliais escamosas de alto grau (NIC 2/3 / HSIL) de alterações reacionais/inflamatórias ou lesões de baixo grau, em que o padrão típico de p16 não é difuso.

Em biópsias pequenas ou amostras com artefatos, essa leitura é fundamental para reduzir a variabilidade entre patologistas e trazer mais segurança ao laudo. Em alguns contextos, a associação de p16 com marcadores de proliferação, como Ki-67, reforça o cenário de desregulação do ciclo celular induzida pelo HPV.

Assim, a imuno-histoquímica em tumores ginecológicos cervicais, com p16 como HPV surrogate, ajuda a:

– >Confirmar lesões de alto grau;

– > Evitar tanto o subtratamento (não reconhecer uma lesão significativa) quanto o sobretratamento (intervenções desnecessárias em alterações regressivas);

– > Melhorar o rastreamento e a vigilância de pacientes com lesões pré-cancerosas.

2. Imuno-histoquímica em tumores ginecológicos do endométrio (p53 e mismatch repair)

Nos carcinomas de endométrio, a patologia atual não se limita à classificação histológica (endometrioide, seroso, de células claras etc.). A integração entre morfologia e imuno-histoquímica em tumores ginecológicos permite identificar perfis moleculares com valor prognóstico e terapêutico.

O p53 é um marcador de agressividade e perfil seroso-like. O gene TP53 codifica a proteína p53, um dos principais “guardas” do genoma. Em muitos tumores de alto grau, especialmente carcinomas serosos de endométrio e de ovário, ocorrem mutações em TP53 que levam a:

– Superexpressão difusa e intensa de p53 na imuno-histoquímica (padrão overexpression), ou perda completa de expressão (padrão null), também anormal.

Esses padrões são interpretados como p53-abnormal e costumam indicar tumores biologicamente mais agressivos, com maior risco de recorrência e necessidade de manejo oncológico mais intensivo.

Outro eixo importante da imuno-histoquímica em tumores ginecológicos do endométrio é a avaliação do sistema de reparo de DNA, por meio do painel de proteínas de mismatch repair (MMR). A perda de expressão de uma ou mais dessas proteínas (MLH1, PMS2, MSH2, MSH6) indica deficiência de MMR (dMMR) e alto índice de instabilidade de microssatélites.

Na prática, essa informação:

– > Ajuda a identificar pacientes com suspeita de síndrome de Lynch, uma condição hereditária que aumenta o risco de câncer de endométrio, cólon e outros órgãos;

– > Tem implicações terapêuticas, pois tumores com dMMR podem responder melhor a determinadas imunoterapias;

-> Auxilia na estratificação de risco e no planejamento de seguimento;

-> Fornece um “retrato” biológico do tumor endometrial, indo além do que o olho nu vê na lâmina.

3. Imuno-histoquímica em tumores serosos de alto grau (origem tubo-ovariana)

Por muitos anos, acreditou-se que a maior parte dos carcinomas serosos de alto grau eram “tumores de ovário”. Hoje se sabe que, em grande número de casos, a origem é tubo-ovariana, principalmente na porção fímbrica da tuba uterina.

A imuno-histoquímica em tumores ginecológicos tem papel chave para sustentar essa interpretação. Lesões precursoras como STIC (serous tubal intraepithelial carcinoma) podem ser encontradas na tuba uterina, mostrando:

– Forte expressão de p53 de padrão aberrante;

– Alto índice proliferativo (Ki-67);

– Positividade para marcadores como PAX8 e WT1, que reforçam o perfil Mülleriano/seroso.

Quando se avaliam peças cirúrgicas com tumor em ovário, trompas e peritônio, a correlação morfológica e imuno-histoquímica auxilia a definir se o caso se enquadra como carcinoma tubo-ovariano de alto grau; doença primária peritoneal, ou mesmo metástases de outros sítios.

Essa definição impacta:

– > A forma como o caso é estadiado;

-> A discussão sobre fatores de risco (por exemplo, história familiar de câncer de ovário/mama);

-> Estratégias de prevenção cirúrgica em mulheres de alto risco (como salpingo-ooforectomia redutora de risco em portadoras de mutações germinativas).

Portanto, a imuno-histoquímica em tumores ginecológicos tubo-ovarianos não apenas ajuda a localizar a origem do tumor, mas também integra a anatomia patológica com a genética oncológica e a oncologia clínica.

Em síntese, falar em oncologia ginecológica moderna sem considerar a imuno-histoquímica em tumores ginecológicos é deixar de lado uma das principais ferramentas de precisão diagnóstica.

Imuno-histoquímica em tumores ginecológicos no Cipac

No Cipac Diagnósticos, a imuno-histoquímica em tumores ginecológicos é uma das áreas de especialidade da patologia. O laboratório conta com painéis específicos para lesões cervicais, auxiliando na definição da origem do tumor, no estadiamento adequado e laudos completos, orientados à tomada de decisão clínica. Fale conosco!

Leia também: Entenda quais são os principais marcadores em imunohistoquímica.

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