Como interpretar o resultado de imunohistoquímica?

O resultado de imunohistoquímica revela as características biológicas de um câncer, trazendo informações valiosas a respeito da agressividade do tumor. Esse exame é frequentemente realizado como um complemento após o teste anatomopatológico, que é uma análise preliminar da amostra do tecido obtida pela biópsia.

Podemos dizer que o resultado de imunohistoquímica provém da avaliação de proteínas, capazes de estimular células cancerígenas a se multiplicarem. Na prática, o exame é feito colocando o fragmento do tumor em parafina, para conservação e, em seguida, realizados cortes que, após receberem coloração, são visualizados microscopicamente em lâminas. Através de reações químicas de marcadores, é possível observar a presença e a quantidade de determinadas proteínas.

Para indicar de que forma é feita a leitura do resultado de imunohistoquímica, vamos utilizar como exemplo o caso de câncer de mama.

1. Receptores hormonais

O exame de imunohistoquímica pode estar descrito como porcentagem (0 a 100%) ou na forma de cruzes: 0; +; ++ ou +++, indicando a quantidade de receptores hormonais nas células tumorais. Tais receptores hormonais são proteínas que fazem a ativação da proliferação celular, onde o hormônio feminino produzido normalmente pelo corpo se liga ao receptor, estimulando o crescimento celular e a potencial piora no quadro de câncer.

Neste sentido, o resultado de imunohistoquímica é importante pois indica a possibilidade de tratamento com o bloqueio do estímulo hormonal, também conhecida por hormonioterapia, uma das terapias mais eficazes contra o câncer de mama, com maiores chances de cura.

2. Her-2

Outra proteína importante é a Her-2, presente em cerca de 15% a 20% dos casos de câncer invasivo de mama. Essa proteína estimula o crescimento do tumor, provocando piora no prognóstico quando não tratado propriamente. O resultado de imunohistoquímica pode indicar negativo, positivo ou inconclusivo (casos em que são encaminhados para outro tipo de exame, denominado imunofluorescência). Para combater o câncer de mama com essa biologia, atualmente existe a terapia anti-Her-2, que bloqueia o estímulo de multiplicação celular. Para pacientes com câncer em metástase, esse tipo de terapia propicia excelentes resultados e efeitos colaterais reduzidos em relação à quimioterapia. Portanto, a presença da proteína Her-2 pode ser encarada como algo benéfico em muitos casos.

3. Ki-67

Este é um marcador que avalia se determinado câncer é um tumor de crescimento mais rápido ou mais lento, auxiliando na definição do prognóstico, em certos casos. Quando há a expressão de Ki-67 em resultado de imunohistoquímica com proporção igual ou menor do que 10%, podemos dizer que possuem crescimento lento, enquanto a expressão acima de 30% está relacionada ao crescimento mais agressivo.

Além destas, existem outras proteínas que também podem ser analisadas pela imunohistoquímica, como: e-Caderina, p120, citoqueratinas 5/6, e calponina, por exemplo.

Essa análise molecular do câncer de mama permitiu dividir tumores em diferentes grupos, de acordo com o grau de agressividade, facilitando prognósticos e indicações de tratamentos para as pacientes.

O Cipac é especialista em imunohistoquímica, processando todas as análises em laboratório próprio. Nossa expertise na área nos permite promover um curso de Fellowship em Imunohistoquímica, uma oportunidade para patologistas aprofundarem seu conhecimento médico prático com grandes especialistas.

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